26 novembro 2006

OFICINA DE HIP-HOP (Verso e Rima)


O olhar estrangeiro para um espaço de produção "marginal".
O que faz um espaço ser "marginal"?????

- Fazer parte do MSTS (MOVIMENTO DOS SEM TETO SALVADOR - OCUPAÇÃO CLUBE PORTUGUÊS) pode ser?
- Realizar oficinas de formação com crianças e adolescentes "marginais"?
- Fazer parte de um movimento "marginal"?
- Ser/Ter/Ler MarginalMente?

Não vou conceituar nem escrever sobre o movimento hip-hop, não sou autorizada, nem tenho competência para, e ainda não me sinto legitimada, mas, escrevi. Me sinto sim na obrigação de comentar e postar o que foi possível registrar das produções dos gatos e gatas de rua, ainda que com um olhar estrangeiro sobre o que pude observar na oficina realizada por Nêgo Juno, no MSTS. Fiquei a pensar no decorrer da oficina se o que acontecia ali não seria a explicitação do romper com a dicotomia entre teoria e prática. A prática e a teoria se misturavam com tamanha elegância que o conceito de rima e o conceito de verso chegavam no espaço de formação como um exemplo e a intervenção, a interlocução, era tão imediata que os gatos e gatas se sentiam desafiados e respondiam ao desafio produzindo Rimas e Versos através da linguagem oral e em seguida da linguagem escrita, maravilhada ainda. O convite é que todos possam contribuir e continuar refletindo sobre.

Rimas e Versos/Versos e Rimas no M.S.T.S
(1ª oficina de versos e rimas - 25/11/06)

E assim começou... O professor falou conceitualmente o que era rima e verso e em seguida, não sei se intencionalmente, mas pareceu uma apresentação quando desafiou o grupo a fazer versos a rimar. Em negrito preto estão os desafios e em negrito vermelho as respostas aos desafios.

Meu nome é NEGO JUNO.
Eu jogo Capoeira
Moro na Favela
e tenho sangue azul na veia

(Intervenção com o grupo: Porque sangue azul? Por ser nobre? Então mesmo morando na favela somos nobres? Podemos colocar então sangue negro nas veias? Sangue negro também seria nobre?)

Meu nome é NEGO JUNO
Eu jogo Capoeira
Moro na Favela
e tenho sangue NEGRO na veia
(produção coletiva)

(De agora em diante é com vocês... E assim foi).

JACIARA minha parceira,
escute o que vou te dizer:
queremos atenção, educação.
Sem Teto também é Cidadão
(Taiane)

Minha amiga LAIDIANE
olha o que eu vou te dizer,
joga logo esse RAP
para te fortalecer.
(Gilvan)

JUNO meu amigo
escute o que vou te dizer,
Os Sem Teto tão na área
veja só o que vai acontecer.
(Jonatas)

Quando você for embora,
por favor pense em nós
Você é NEGO JUNO
Você que dá a Voz
(Laidiane)

(...) Outros serão postados, alguns com autoria, outros que só foi possível registrar, talvez faltando pedaços, porque era uma intervenção utilizando só a linguagem oral e outros tantos são de crianças não alfabetizadas convencionalmente.

TAIANE minha amiga
escute o que eu vou te falar
Hip-Hop tá na área
Você vai ter que me ensinar
(autor desconhecido, que falha)

20 novembro 2006

OFICINA DE LEITURA

Postando comentários do grupo no blog/situação significativa de leitura e escrita.

Indignado estou...
Eu tenho fome sim...
Quero acesso sim...

Ao livro, Ao Conhecimento, Ao Mundo...

Como justificar um projeto de leitura inicialmente voltado para um grupo base1 (jovens que participam desde o início do projeto Gatas de Rua) e não perder de vista a ampliação e sustentabilidade de uma comunidade leitora em rede? É com essa intencionalidade que construímos um projeto de leitura com o objetivo de promover um diálogo entre as diferentes tribos, espaços e comportamento leitor. Daí, justificar o porque do nome ser CIDADE INTERLIGADA- COMUNIDADE LEITORA.

Questão 1

Como me tornei leitor?

"Existem duas formas da gente se tornar leitor: a primeira é por necessidade e a segunda por prazer. Ainda lembro que eu e Gil, meu irmão, sempre pagávamos o maior mico por não saber ler as linhas dos ônibus, preços, o nome dos alimentos... E aí o que acontecia era que sempre dependia de outra pessoa para nos orientar e isso era horrível. Então saber ler de verdade era o nosso maior desejo. E ler por prazer aconteceu com o livro A Máquina de Adriana Falcão. Este livro a gente começa e não tem mais vontade de parar, ele tem uma história. Outras pessoas já leram e é um livro que Gil ganhou de presente. Hoje Ângelo, meu companheiro, tá querendo ler também porque viu que eu troco o livro por qualquer programa de televisão. Agora vou começar a ler As Mil e Uma Noites, de Malba Tahan, versão de Antoine Galand".
(Alice Mariana, aluna da oficina de leitura).

09 novembro 2006

OFICINA DE TEATRO


A oficina de teatro é uma parceria do coletivo Gatas de Rua com o Movimento dos Sem Teto de Salvador (Clube Português) e a arte-educadora Alexandra Dumas (Mestre em Teatro pela UFBa). A oficina acontece dentro do Clube Português, toda quinta-feira, das 14h00 às 16h00. Participam da oficina 12 adolescentes do MSTS e Roberta Mauã do coletivo Gatas de Rua.

“A oficina de teatro pra mim é um grande aprendizado, uma renovação. Eu fiz teatro de rua com a diretora Taynã Andrade e agora estou tendo a oportunidade de trabalhar com uma pessoa que já fez faculdade, que já é formada e pode me passar a experiência de vida dela com o teatro.
Sobre o trabalho em grupo, acho que a união faz a força. Para mim é muito rico fazer a oficina com as meninas do MSTS. Trabalhar em grupo é uma experiência única porque trabalhamos, ao mesmo tempo, nossos defeitos e nossas qualidades. O teatro é um pouco disso, temos que trabalhar com as necessidades do outro. Necessidade de se expressar, de agir, de ser cidadão, de crescer dentro da sociedade com o propósito de ser alguém com caráter”.
(Roberta Mauã, do coletivo Gatas de Rua, aluna e monitora da oficina de teatro )


"Nós que fazemos teatro somos todos “bobos da corte”. Sou eu mesmo o trocado, o emissário sem cartas nem credencias. Sou um palhaço sem risos, um bobo com um grande fato de outro. Quando fui,quando não fui, tudo isso me forma quando amei ou deixei de amar é a mesma saudade em mim. Sou eu mesmo a charada sicopada que ninguém da roda decifra..!"

01 novembro 2006

OFICINA DE TECELAGEM

A oficina trabalha com o “amarradinho”, uma técnica de tecelagem que utiliza retalhos, sobras de tecido, adequada para comunidades carentes, como a ocupação do Clube Português (Movimento dos Sem Teto de Salvador). Além da técnica, que dá a possibilidade de um ofício, a oficina trabalha com noções de cidadania e coletividade.

“Na FUNDAC (fundação da Criança e do Adolescente), onde trabalho como instrutor de tecelagem, a oficina é direcionada para as mães, mas aqui no Clube Português, por causa das atividades domésticas e do trabalho com reciclagem, poucas mães participam. Seria bom se elas pudessem participar mais, por que além de aprender um ofício (tecelagem), a oficina funciona também como terapia para o grupo”.
(Cláudio Noronha, instrutor da oficina de tecelagem)

OFICINA DE DANÇA

A oficina de dança acontece num dos salões da ocupação do Clube Português, todos os sábados, 11h00 da manhã. Participam da oficina o coletivo GATASdeRUA e a comunidade do Clube Português. A oficina é coordenada por João Lima, professor de dança e pesquisador da UFBA. Através do corpo, João trabalha noções de cidadania e inserção social.

“Pra mim a oficina de dança fica sendo como um aprendizado, assim como foi o projeto Axé, mas não como uma referência de um mau fruto, mas sim de uma boa referência. Quero ter sim uma boa referencia do projeto e da oficina de dança, tal como sair de lá como uma profissional de dança” (Alice, integrante do coletivo Gatas de Rua e aluna da oficina de dança).